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Relembrando os Dias de Glória: A Jornada da Fórmula 1 no Brasil

Em um dia quente e ensolarado, no dia 30 de março de 1972, o Autódromo de Interlagos, em São Paulo, testemunhou um momento histórico. Naquele dia, 11 corajosos pilotos se alinharam no grid para o que se tornaria o 1º Grande Prêmio do Brasil, uma corrida extracampeonato que tinha como objetivo oficializar o circuito para as edições futuras. A expectativa era palpável, e o Brasil estava prestes a escrever um novo capítulo na história do automobilismo.

Na terça-feira, 28 de março de 1972, às 19 horas, na redação do Jornal da Tarde, localizada no 6º andar do edifício na rua Major Quedinho, o ambiente fervilhava de entusiasmo. Os jornalistas se preparavam para cobrir o evento que se tornaria a manchete do dia seguinte. O jornalista Luis Carlos Secco, encarregado da cobertura automobilística, havia acompanhado de perto as carreiras de Emerson Fittipaldi, Wilsinho Fittipaldi e José Carlos Pace, os famosos "Três Mosqueteiros", um apelido carinhoso cunhado por Emerson.

A redação ficou atônita quando um telefonema da portaria do prédio anunciou a presença de "um tal Emerson" com alguns amigos. A princípio, parecia uma brincadeira, mas Secco decidiu permitir a visita. Quando Emerson Fittipaldi e Ronnie Peterson entraram na redação, acompanhados por suas esposas, Maria Helena e Barbro, a surpresa foi genuína. Emerson entregou um pacote de ingressos e pediu que fossem distribuídos entre todos na redação, enfatizando a importância de lotar o autódromo. Era uma mensagem clara: o futuro do Grande Prêmio do Brasil dependia do apoio dos brasileiros.

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No dia seguinte, os ingressos estavam praticamente esgotados, graças à mobilização da redação e ao entusiasmo do público. A corrida foi um sucesso, e mesmo que Emerson Fittipaldi tenha liderado boa parte da prova após ultrapassar Wilsinho, ele foi forçado a abandonar devido a problemas na suspensão de sua Lotus-Ford a apenas cinco voltas do final. No entanto, o evento de 1972 selou o destino da corrida em Interlagos, garantindo sua continuidade na Fórmula 1.

O Grande Prêmio de 1972 é uma parte inestimável da história do automobilismo brasileiro e um marco na consolidação do Brasil como palco para a Fórmula 1. O país se juntou a um seleto grupo de apenas 10 nações que hospedaram mais corridas nas sete décadas de história da Fórmula 1.

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Em 1973, mais uma vez, Emerson Fittipaldi fez história ao vencer a primeira corrida oficial válida pelo Campeonato Mundial de Fórmula 1 no Brasil. Sob um sol escaldante e em meio a uma multidão fervorosa que lotou o Autódromo de Interlagos, Fittipaldi superou Jackie Stewart, tornando-se o herói nacional. Os momentos que antecederam a corrida foram marcados por alguma agitação, com garrafas de vidro sendo arremessadas na pista e bombeiros refrescando o público devido ao calor escaldante.

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No entanto, a vitória de Emerson Fittipaldi naquela corrida oficial foi um sonho realizado para os torcedores brasileiros. Na época, Emerson liderava a equipe Lotus e conquistou a corrida de maneira convincente, solidificando seu status como um ícone do automobilismo no Brasil.

As corridas memoráveis de 1972 e 1973 em Interlagos permanecem na memória dos fãs de automobilismo como momentos de triunfo e paixão. O Brasil deixou sua marca na história da Fórmula 1, e em 2022, o Grande Prêmio de São Paulo continua a ser um evento empolgante, mantendo viva a tradição de sucesso e entusiasmo nas pistas brasileiras.

Fotos: Acervo/Estadão